Uma nova
corrente de pesquisadores diz que a recomendação de ingestão diária de vitamina
D, usada como referência pelos médicos, é desnecessária. Sauna quais são os
valores usados atualmente como referência.
A sociedade
Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) publicou em 2014 um documento
reunindo as evidências sobre os usos e indicações da vitamina D. As diretrizes
não indicam o exame para população em geral, apenas para pessoas que vivem
confinadas, como idosos com dificuldade de locomoção, pessoas com problemas de
absorção de nutrientes ( caso de quem passou por cirurgias de redução do
estômago, por exemplo) ou que tenham problemas ósseos. Na prática, não é o que
tem acontecido. “ Temos visto uma epidemia de um exame que é caro e cujo custo,
ainda que coberto pelo convênio, é dividido por todos os associados.” – Sérgio
Maeda – Professor Universidade de São Paulo – Unifesp.
Muitos
médicos passaram a pedir a dosagem talvez pressionados pela avalanche de
estudos, mas também cientes de que a melhor fonte de vitamina D, é o sol, é
remédio escasso das grandes cidades. A exposição da população diminuiu, assim como
aumentou o uso de protetores solares. Boa notícia para evitar o perigoso câncer
de pele, mas prejudicial para absorção da radiação e consequentemente, a
fabricação natural da vitamina D. Portanto custo do exame e quando o resultado
sugere um nível não adequado ( gastos com reposicao ) e mais uma polêmica – qual o nível adequado de
vitamina D?
Não há
consenso entre as instituições médicas. A academia Nacional de Medicina os
Estados Unidos, referência internacional na prática médica, diz que desejável
manter a marca de 20 ng/ml para obter melhores benefícios para os ossos, como
evitar fraturas. As sociedades de endocrinologia, tanto a brasileira quanto a
americana, usam o parâmetro maior, de 30 ng/ml, para garantir a saúde óssea. Para
adensar a discussão, um grupo de pesquisadores publicou em novembro de 2014, no
New England Jornal If Medicine, dizendo que ambos os níveis, tanto os sugeridos pela sociedades de
endocrinologia quanto pela academia de medicina, são exagerados.
De acordo
com os mesmos, cada pessoa tem uma necessidade diferente de vitamina D: por
razões genéticas e ambientais que ditam o ritmo do metabolismo, algumas precisam mais, outras de menos. Por
isso, os especialistas costumam usar como recomendação geral de consumo um
valor mais alto, que seja capaz de suprir as necessidades até de quem precisa do maior nível do
nutriente. Os estudos de referência estimam que metade da população precise de um
ni no sangue de até 16 ng/ml de vitamina D – o equivalente a absorção entre 400
e 600 unidades do micronutriente por dia, dependendo da faixa etária. Para a
garantir que a outra metade da população, que precisa mais do que isso, seja
contemplada, os especialistas fixaram como nível mínimo de vitamina D um valor
mais alto, acima de 20 ng/ml, equivalente a absorção de 600 a 800 unidades do
micronutriente, dependendo da idade. Esse valor garante que as necessidades de
até 98% da população seja contemplada. Simplificando o raciocínio, isso
significa que, nos exames de dosagem, a necessidade máxima de Vit. D virou a
mínima. Por isso, não é difícil entender por que tanta gente precisa
suplementar a vitamina. “ essa abordagem classifica erroneamente como
deficiente a maioria das pessoas cujas necessidades nutricionais já foram supridas”,
escrevem os autores do estudo, liderado pela epidemiologista americana Jô Ann
Manson, da Escola de Saúde da Universidade Harvard. “ isso cria uma aparente
pandemia de vitamina D”.
Não há
dúvidas de que existam deficiências graves de vitamina D. Valores abaixo de
12,2 ng/ml estão associados ao enfraquecimento dos ossos em crianças, o chamado
raquitismo, ou em adultos, a osteomalacia. Mas estão restritos a grupos
pequenos e são cada vez mais raros em países em desenvolvimento. Estudos de
campo feitos no Brasil sugerem que os níveis médios entre grupos variam em
função do estilo de vida e de acordo com o lugar em que as pessoas moram, em
razão da incidência solar. Entre pacientes internados em instituições e,
portanto, menos expostos ao sol, um levantamento chegou a média de 14,4 ng/ml
Entre jovens moradores de São Paulo, que não
tomam nenhum suplemento, o resultado foi 31,2 ng/ml.
Portanto é
muito difícil saber qual é a dosagem norma da vitamina D para uma pessoa. Além
de existir referências diferentes na literatura, os valores mudam de acordo com
a época do ano e com a latitude que a pessoa mora.
A vitamina D
não oferece riscos adversos quando ingeridas em baixas dosagens, mas pode
provocar consequências graves se tomadas em doses altas por um longo período.
Ela aumenta os níveis de cálcio no organismo, o que pode provocar problemas no
coração e até perda da função renal. Já há relatos de que a intoxicação por
vitamina D aumentou nos últimos anos. O mais seguro talvez seja garantir uns
minutinhos ao sol pela manhã ou no final da tarde. E aumentar a frequência de
peixe no cardápio. “A grande maioria das pessoas não precisa de medicamento”
diz Trujillo, da SBEM. “ Elas podem se beneficiar de mudanças no estilo de
vida”.